Gosto de dar vida ás letras. Gosto de as transformar em momentos únicos, historias únicas e vontades próprias. Gosto quando as letras se juntam em palavras sentidas que nada mais são que palavras vividas. Gosto das personagens criadas e nas esperanças sonhadas. Gosto das reflexões, gosto, especialmente das reflexões onde o tempo pára e se deixa apenas fluir. Gosto do resultado vivido e sentido.
Gosto de dar vida ás letras, porque gosto que as letras me deem vida a mim
Dispam-se de preocupações. Descalcem os desafios. Soltem os sorrisos e guardem as más disposições. Fujam de lágrimas e escondam-se de assuntos sérios. Depois, sorriam ao sol. Caminhem descalços nas pedras da calçada ou na areia da praia. Rebolem na relva, cantem e riam-se , riam-se muito. abracem, beijem e sejam apenas aquilo que sempre gostaram de ser.
Um dia com sabor a divertimento, muito divertimento.
Procura-se perfeição num mundo imperfeito. Moldamos corpos a imagens trabalhadas. Retiramos rugas, apagamos marcas exteriores em busca de uma perfeição. Sempre em busca de uma perfeição quase que perfeita. Sempre quase que perfeita. Insatisfação, sentimos sempre insatisfação com o que somos numa busca perfeita de uma perfeição inexistente. Afinal de contas o que é perfeito para mim pode não ser perfeito para ti.
Gosto de equilibrio. Gosto do equilibrio nas pequenas coisas que se transforma em equilibrio nas grandes coisas. Gosto da ponderação no ser e no estar. Gostos de sorrisos alternados com umas boas gargalhadas. Pare-se por momentos e questione-se a velocidade com que vivemos, os caminhos que seguimos e a postura que colocamos. Pare-se por momentos e equilibrem-se vontades, verdades e gostares.
Equilibre-se por momentos o que somos e viva-se apenas.
Hoje fale-se de amor. Fale-se daquele amor que nos faz sorrir e flutuar. fale-se daquele amor que nos coloca as mãos transpiradas e o coração a palpitar. Fale-se daquele amor que nos faz sentir no topo do mundo. Fale-se do amor onde o um é o complemento do outro. Fale-se do amor que nasce de duas almas que decidiram unir corpos. Hoje sorria-se na vontade e na fome do outro. Hoje sorria-se na fusão de dois que momentaneamente se tornam um. Hoje fale-se de um amor natural que mais do que pensado é sentido sem lógica apenas numa sincronicidade de quereres.
Acredito que mais do que com os outros o compromisso deverá ser connosco. Acredito que ao assumirmos compromisso connosco estamos a assumi-lo com quem somos com os nosso princípios e as nossas verdades. Conscientes que de verdades têm apenas isso, o serem nossas. Entre o outro e eu escolho o compromisso comigo, com o que sou, com o que me proponho ser. Não se trata de egoísmo ou de egocentrismo trata-se apenas de uma forma e viver.
Um dia assumi o compromisso de assumir o controlo da minha vida, de me aceitar como sou e de gostar de mim como sou. Um dia tomei a decisão de não me esgotar nos outros. Um dia assumi o compromisso de sorrir muito, de abraçar muito e de dizer aos outros o quanto são importantes. Somos tão pouco afectuosos uns com os outros.
Um dia com sabor a gosto de ti, e de ti, e de ti ...
Com a minha idade começamos a ter a percepção do envelhecimento não só do nosso mas como daqueles que nos rodeiam. Lidamos com a morte daqueles que um dia foram tão vigorosos. Lidamos com as incapacidades fisicas e começamos a questionar o que vale ou não vale a pena. Começamos a questionar qual é o legado que queremos deixar. Começamos a questionar o sentido que demos à vida.
Cada vez mais acredito que faz sentido ser eu mesma: no ser e no estar. Cada vez mais acredito que faz sentido viver na autenticidade daquilo que me faz vibrar e sentir. Cada vez mais acredito que faz sentido o segundo porque a hora pode não chegar.
Depressa. Passa demasiado depressa para que não sejamos quem gostamos de ser.
Preparamo-nos no vestir e por vezes descuidamos o olhar. Maquilhamo-nos de forma a esconder rugas e manchas e descuidamos os sorrisos. Penteamo-nos na moda, sempre na moda. Calçamos aquilo que nos conforta mesmo que por vezes nos seja desconfortável. Apressamo-nos ou atrasamo-nos de acordo com a nossa velocidade. Por vezes, esquecemos de tornar impecável o nosso pensamento e a forma como olhamos os outros, por vezes somos apenas máscaras do que sentimos.
Por vezes somos menos o que somos e mais o que os outros querem que sejamos. Troque-se a ordem dos factores e sejamos mais o que somos e menos o que os outros querem que sejamos.
Hoje despertemos a criança que há em nós e seja-se o que elas sabem tão bem ser: autenticas.